A classificação e a conquista do respeito

Equipe Toca do Leão
Com Mariana Maia

Copa do Brasil

Quando o Sport Club do Recife iniciou a disputa da Copa do Brasil, ano passado, diante do Imperatriz-MA, ninguém - além de sua apaixonada e fiel torcida - apostava no Rubro-Negro pernambucano como possível campeão do torneio.

Mas o Leão calou os adversários, ao passar por Imperatriz, Brasiliense e depois pegar uma seqüência dificílima na Copa do Brasil (Palmeiras-SP, Internacional-RS, Vasco-RJ e Corínthians-SP) e derrubar todos eles. Talvez essa tenha sido a trajetória mais complicada de um time campeão da Copa do Brasil, em todas as 21 edições disputadas desde a sua criação, em 1989.

Ao se tornar campeão da Copa do Brasil - e diante de tudo que foi exposto acima - o Sport Club do Recife passou a ser um clube bem mais respeitado pelos preconceituosos adversários e jornalistas do eixo Sul-Sudeste do Brasil.

Libertadores

Ao iniciar a Copa Libertadores, em fevereiro, já houve quem apostasse no Leão como primeiro do grupo 1. Foi o caso do comentarista Antero Greco, da ESPN Brasil. E ele estava certo. O Sport foi o líder, com 13 pontos, três a mais que o Palmeiras-SP, classificado de última hora, com dez.

Surpresa apenas para alguns adversários e torcida anti-Sport de plantão, que nos julgava "saco de pancadas" do grupo. E olha que o Leão entrou na competição como "terceira força do grupo da morte", graças a Conmebol, que colocou dois brasileiros e mais o campeão do ano passado juntos.

E a CBF - novidade - não fez nada para defender os direitos do Sport, que por ser campeão da Copa do Brasil merecia se cabeça-de-chave. Mas as coisas ficam melhores quando são conseguidas com dificuldades e o Sport já está acostumado a superar obstáculos. É assim desde sempre, principalmente depois que começamos a incomodar o resto do Brasil com nosso legítimo título brasileiro de 1987.

Na fase de grupos, vitórias nos dois confrontos contra o forte Colo Colo, que por pouco não foi o segundo colocado (levou o gol palmeirense apenas depois dos 40 minutos da etapa final na última rodada) e contra a LDU, aual campeã do toneio sulamericano. O Sport só não conseguiu vencer o Palmeiras, justamente o adversário das oitavas.

Na Ilha, contra os paulistas, uma apresentação atípica do Leão, quando o time esteve afobado e sem objetividade. Faltou "espírito de Libertadores" aos jogadores rubro-negros, diante dos paulistas, no primeiro jogo. Naquela ocasião, o Sport acabou levantando quem já estava praticamente morto na competição.

No segundo jogo, em São Paulo, porém, sobrou raça e frieza ao grupo pernambucano, que arrancou um empate mesmo com uma arbitragem que beneficiou os paulistas, ao marcar um pênalti inexistente para a equipe da casa, em que a bola não bateu no braço de César e sim em sua barriga. Ainda tivemos Wilson expulso de campo, numa rigidez do árbitro. Mas a raça pernambucana falou mais alto. Um empate com gosto de vitória.

Oitavas-de-finais

No início do mata-mata sulamericano, um confronto brasileiro. Como disse Paulo Báier ao tomar conhecimento do adversário da fase, as chances são de 50% pra cada lado. O Palmeiras vem de uma classificação complicada, conseguida nos instantes finais da última rodada, mas o Sport vem respaldado por uma bela campanha, que culminou com o primeiro lugar do grupo 1.

Sport X Palmeiras, há dois anos, vem ganhando ares de clássico do futebol brasileiro. Em 2007 e 2008 o Leão enfrentou o Porco seis vezes, ganhando cinco e empatando apenas uma. Antes disso o Sport estava engasgado com o Palmeiras, ao perder a final da Copa dos Campeões (2000) e o jogo (e o acesso à Série A) em 2003, em Garanhuns.

Confiança

Na primeira fase, a vantagem meio que ficou do lado do Palmeiras, reabilitado pelo próprio Sport, na Ilha. Para o mata-mata, vejo uma igualdade entre as duas equipes, mas acredito - como torcedora do Sport e aficcionada por futebol - na passagem do Leão às quartas-de-finais. Tenho motivos pra isso: Magrão, Durval, Ígor, Dutra, Fumagalli, Wilson, Ciro, até mesmo Andrade, que não vinha bem mas fez uma grande partida contra a LDU.

Temos um grupo forte, unido, técnico e que sabe jogar com raça. E mais: um comandante que já mostrou sua competência à frente do Leão, com dois títulos pernambucanos, um da Copa do Brasil e uma classificação histórica - e convincente, ao contrário da do rival paulista - à segunda fase da Libertadores.

Não vou ficar aqui expondo as qualidades do adversário, que todos sabem que tem um grupo bom também e um treinador estrategista, mas que também fala demais. E futebol se ganha em campo. Que venham os jogos então. Dá-lhe Sport. A nossa torcida confia neste time e na classificação. Vamos continuar surpreendendo os que se intitulam maiores que nós!