domingo, 9 de agosto de 2009

FUTEBOL: A FANTASIA EM TORNO DE UM CAMPEONATO PARALELO COMO CELEBRAÇÃO DO ATRASO DESTE ESPORTE

Equipe Toca do Leão

É com prazer que publicamos o texto do amigo Marcos Bittencourt, um apaixonado por futebol (além de torcedor do Sport Club do Recife) e, como baiano que é, do Esporte Clube Bahia, a respeito desse esporte que tanto nos emociona, nos alegra, nos entristece, nos causa raiva... o futebol, a cachaça nossa de cada dia.

Há uma frase célebre para definir essa nossa paixão pelo futebol: "Entre as coisas menos importantes, o futebol talvez seja a mais importante." (Nelson Rodrigues?)

Mas a frase que talvez melhor ilustre esse texto, é a que Rodrigues diz: "Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos."

Agradecemos a Marcos Bittencourt pela grande colaboração. E você, internauta da Toca do Leão, aproveite a leitura!

FUTEBOL: A FANTASIA EM TORNO DE UM CAMPEONATO PARALELO COMO CELEBRAÇÃO DO ATRASO DESTE ESPORTE

Por Marcos A. M. Bittencourt*

O futebol é o esporte que mais mexe com as emoções dos brasileiros e também é aquele mais visto em todo o mundo. Um “tsunami” de dinheiro rola junto com as bolas de todos os campeonatos mundiais, principalmente os mais famosos, como os da Espanha, Itália, Alemanha e Brasil. E por mais que venhamos a nos decepcionar com os resultados de nossos times locais e de nossa seleção em momentos de decisões, quando expressamos “nunca mais quero saber de futebol”, mais adiante estamos nós de volta, pois a paixão sempre fala mais alto. E os grandes empresários da bola sabem disso.

No meu entendimento tamanho investimento deveria ser tratado com mais respeito, responsabilidade e seriedade, pois envolve a pessoa humana que prestigia o esporte. É o futebol, talvez, aquela prática esportiva que menos recicla suas regras. Não que eu queira acabar com algumas regras existentes. Imaginemos, por exemplo, se não existisse a regra do impedimento. Talvez, por brincadeira, pudéssemos promover um campeonato-teste para verificar o desempenho dos times. Ia ser um jogo interessante com 20 jogadores no campo adversário, alternando-se os lances de minuto em minuto.

Mas o que eu gostaria de postular é, na verdade, uma mudança de paradigmas no tocante à disciplina e julgamento de lances capitais do futebol que chegam mesmo a determinar o campeão de uma temporada, dando o título a um time por causa de um grave equívoco de um juiz ou de um de seus auxiliares. Refiro-me a lances de gol em flagrante impedimento, de pênaltis inexistentes que redundaram em gol, de bolas que ultrapassaram a linha demarcatória do gol, mas que não foram contabilizadas, e vice-versa. Interessante que os telespectadores, em segundos, têm a visão exata com o replay do lance de vários ângulos, com as modernas técnicas televisivas.

Em novembro de 2008, durante o programa “Arena SporTV”, de Cleber Machado, o árbitro Carlos Eugenio Simon foi entrevistado, e declarou que um dos maiores erros da sua vida foi não ter marcado um pênalti a favor do Atlético-MG contra o Botafogo, no Maracanã, que decidiria vaga na semifinal da Copa do Brasil de 2007. Ao chegar em casa e ver o teipe, não conseguiu dormir e toda as vezes que pode, pede desculpas pelo erro. Ele foi muito elogiado por reconhecer esse erro, mas segundo um escritor famoso, Nelson Rodrigues, traições e erros nunca se podem confessar, porque serão um dia uma arma contra você.

Um dos maiores erros de arbitragem numa decisão ocorreu no dia 17 de dezembro de 1995, durante o segundo jogo da final entre Santos e Botafogo, no Estádio do Pacaembu. O árbitro Márcio Resende de Freitas definiu o Brasileirão de 1995. Com um gol de Túlio impedido, o Botafogo saiu na frente. O Santos empatou em outro erro do juiz: o lateral Capixaba ajeitou com a mão e tocou para Marcelo Passos marcar. Pra ser campeão, o “Peixe” precisava de mais um gol. E conseguiu no finalzinho, com Camanducaia. Mas, em tarde "inspirada", Márcio Resende anulou, alegando impedimento inexistente.

Mais recentemente, o glorioso Sport Club do Recife tem sido muito prejudicado por erros banais e decisivos de arbitragem, como foi visto nos jogos contra o Botafogo, Santos, Santo André e o Corinthians, na primeira fase do campeonato de 2009.

Sugiro à Globo e à Bandeirantes que construam uma tabela de classificação paralela à atual, contabilizado os pontos de acordo com a verdade constatada pelas imagens. Se assim o fosse, certamente as posições que os times ocupam na tábua de classificação seriam radicalmente modificadas. Sabemos certamente que alguns erros de arbitragem devem-se a atos de corrupção; outros, à falta de preparo físico e de capacitação técnica dos árbitros; e outros, talvez a maioria, se deva à rapidez exigida para um julgamento de um lançamento que pega um atacante na frente do zagueiro adversário cerca de 15 cms, por exemplo, no momento da jogada. Convenhamos, é muito difícil para um ser humano, por mais competente que seja, levantar ou deixar de levantar sua bandeira, em fração de segundos, para marcar ou deixar de marcar uma irregularidade.

É a dinâmica do futebol! Por isso, creio que o mais justo, seria o futebol se modernizar, saindo do conservadorismo e, a título de sugestão, implantar o sistema de consulta às câmeras para dirimir dúvidas em torno de jogadas capitais. Sim, jogadas capitais, isso porque se fôssemos parar uma partida para checar a câmera toda a vez que alguém reclamar um lance, então deixaria de haver jogo. Vejamos como exemplo o futebol americano, o esporte mais popular dos Estados Unidos da América. No jogo moderno da Liga conhecida como NFL, há mais de 20 câmeras cobrindo as rápidas ações do jogo. Em 1999, a NFL implantou um sistema de repetição imediata para auxiliar os juízes. Cada câmera do jogo cobre uma vista diferente de cada jogada e essas imagens podem ser usadas para rever jogadas questionáveis.

Entretanto, nem todas as jogadas são revistas. Vale à pena lembrar que no futebol americano existem 6 juízes para uma partida. Se isso fosse uma realidade na FIFA, muitos chefões e mafiosos do futebol ficariam com as mãos atadas (talvez resida aqui uma fonte de interesse para não mudar procedimentos de aferimento no futebol). Árbitro nenhum gostaria de se expor à corrupção mediante provas tão cabais, além do que, essa novidade faria justiça a árbitros que erraram não porque eram incompetentes, mas porque não se encontravam em boa posição no momento do lance.

* Marcos A M Bittencourt é pastor batista, teólogo, bacharelando em Psicologia e torcedor do Sport Club do Recife.

Um comentário:

Saulo disse...

Nos momentos tristes da vida, o futebol faz a alegria de muita gente.

 
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